sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

viajo

viajo

Viajo agora por um lugar de vista assustadora. É um desfiladeiro aqui ao lado, e sempre tive medo de altura.
Mas é tão bonita a paisagem! E gostoso o vento.
Essa viagem é parte de um caminho mais que bifurcado, tri, tetra...e às vezes ando em círculos também.
Nela, vou por tirolesa, montanha-russa, outros trilhos...até de Caloi Ceci na descidona de cascalho! Dessa vez, por exemplo, meu joelho pode contar, aprendi a "não descer de Caloi Ceci no cascalho".
Dei uns saltos, meio assegurados por equipamentos inventados pra isso.
E ouvi que o sentido da caminhada, com muito ou pouco vento, sob sol, lua, frio, calor, com ou sem companhia, é em frente.
Vida enfrento.

mundo

mundo

Mundo onde tanta gente se perde por não caber. Dentro dele ou dentro do próprio corpo.
Gente se vai por parar de comer. Ou por não parar de comer.
Tem formas mais rápidas também, e muitos motivos.
Aqui, trocamos sutilezas que, por fora nada, por dentro bigorna.
Ninguém está completamente blindado aos julgamentos alheios. E que coisa estranha ter que viver blindada.
Ninguém, muito menos as crianças, menos ainda as meninas, as gordas, as negras...
Sem querer, machucamos as pessoas.
Sem perceber, somos peça do todo que um dia pode destruir alguém.
Lindo seria todo mundo se ajudar, trabalhar pra ficar melhor.
A coisa mais bonita que tenho visto é gente, toda gente, qualquer gente, inteiras ou quase, trabalhando pra ser melhor, da pele pra dentro, pele pra fora.
Mas o tribunal que define o que é bonito não tem olho de ver essa beleza.
Aí se limita o bonito à bunda sem celulite, a bunda com celulite, o asana feito só pra postar no Instagram, entre tantas outras coisas de casca.
E a gente tem, além da superficialidade, isso de meter os pés pelas mãos, de tentar elogiar e acabar ofendendo, de opinar onde não foi chamado, de tentar ajudar, mas só fazer doer feridas, de atrapalhar a saúde psicológica de alguém enquanto se diz preocupado com a saúde dessa mesma pessoa.
Um aparentemente ingênuo toque, dica ou comentário sobre algo que se sugere que a pessoa deva mudar ou não gostar em seu corpo. É como cutucar alguém, sem pedir licença e "Ei, como é que você se aceita assim? O que você ainda está fazendo aqui assim?"
Dependendo do peso que a ouvinte dá pro assunto ou pra quem fala, pode ser devastador.
Em dúvida se o que dizemos é saudável ou tranquilo pra quem ouve, melhor seria simplesmente deixar as pessoas em paz.

esquerda

esquerda

esquerda, mas macho
esquerda, mas branca
esquerda, mas hétero
esquerda, burguesa...

precisa cuidado
não procuro encrenca pra mim,
não quero ser encrenca pra ninguém

30

30

30 meus, 60 dela
Nesses tempos de começar a entender uma avalanche de coisas sobre o outro lado, vou também reconhecendo coisas dele em mim.
Ando agora, igual a ela, quando entre água com gás e limão espremido; pedir silêncio, por favor; se importar com laços; se preocupar com as queridas, os queridos.
De longe foi um lugar e um tempo de reconhecer segurança, força, amor... Nasceram dela.
Conhecer e agradecer.